trabalho experimental em torno dos órgãos regentes dos humores no homem. séries de procedimentos.


H
Foto e vídeo: Renata Rosa
UMUS
[ 2015 ]
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| estrutura coreográfica
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| ao lado dos músicos André Ricardo, Maguette Mbaye, Moustapha Diéng e convidados
INSTRUMENTOS DE PERCUSSÃO DA ÁFRICA OESTE
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COREOGRAFAR O CORAǘAO
| vê: existe este trabalho. HUMUS. um trabalho experimental, criado e realizado em 2015 nos baixios do viaduto Júlio de Mesquita Filho, no bairro do Bixiga, em São Paulo. HUMUS foi concebido em quatro séries de procedimentos – ou, cercos poético procedimentais – em torno de órgãos: coração, pulmões, fígado e baço. são órgãos regentes dos nossos quatro humores, nossos líquidos: sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra.

em cada humor, um temperamento [ sanguíneo, fleumático, colérico, melancólico ]; em cada temperamento, um elemento prevalece [ ar, água, fogo, terra ]. para a medicina antiga grega, atuam sobre os humores no homem duas forças corpóreas capazes de uni-los – philia, amor – ou separá-los – neîkos, ódio. philos é o amigo.

da amizade entre os humores,
a própria saúde. |


| num contexto radicalmente urbano, na escala e geografia de um baixio de viaduto, eu reuní pessoas e me dediquei a criar um possível cerco poético-procedimental em torno do órgão e daquilo que lhe corresponde; a intuir e conceber procedimentos que pudessem deflagrar no próprio corpo um conjunto antigo de saberes.

sobre aproximar ou afastar materiais – por relação de semelhança ou diferença, por exemplo; sobre gerar possíveis cercos em torno de um pensamento. como muralhas vivas, são cercos intermitentes, afetuosos, temporários. coreográficos.

para O CORAÇAO eu estabeleci procedimentos simples e desenhei os tempos de execução. a cada encontro, a ordem entre eles foi alterada e variações incorporadas.

eu perguntei: onde está o timbre no corpo?
onde está o ritmo do golpe?

[ i. correr com os olhos fechados pela extensão do baixio [ 30m ]; ii. manejar um estetoscópio e auscultar o próprio pulso; iii. dançar ininterruptamente ao som dos tambores [ 40 min ]; iv. manter-se imóvel diante do som dos tambores; v. etc. ]
realizado em 6 encontros com cerca de 30 pessoas, num público flutuante.
COREOGRAFAR OS PULMÕES
| ao lado dos músicos
Lenna Bahule [ voz ]
Thiago Magalhães [ didgeridoo ]
realizado em 4 encontros com cerca de 15 pessoas, num público flutuante.
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em COREOGRAFAR OS PULMÕES eu perguntei:
o que é a escuta? quem fala primeiro?

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Nada é mais impressionante do que observar na imobilidade absoluta, alheio a toda intervenção voluntária, o movimento profundo que persiste no nosso interior: a subida e descida do diafragma como uma onda que dilata e contrai alternadamente a caixa torácica.
L. Louppe, poética da dança contemporânea lisboa, 2012
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